domingo, maio 31, 2009

62 - Contribuição

O texto abaixo é do meu amigo Léo. Ele pediu para eu ilustrar e cedeu como contribuição para o blog. Valeu, argentino!


"Estavam reunidos na noite anterior os seis devassos indivíduos, sentados em torno de uma mesa redonda de madeira tosca, em um mercado mal freqüentado às margens das fétidas águas do Porto de São Salvador. Moviam-se os ponteiros dos relógios, e a cada momento aumentava a tensão no interior de cada um dos companheiros. Em silêncio tragavam em longos goles uma cerveja quente e de péssima qualidade, que alardeava-se ser de origem das terras de um Kaiser germânico. Vapores nefastos, uma mistura de salitre, pesca apodrecida e urina de homens e ratos, permeavam o ambiente deixando ainda mais pesado o quente e úmido ar noturno.

Moscas vinham procurar seu alimento no suor que brotava da testa de cada um, porém eram logo dispersas de seu intento por bruscos e irritados gestos, acompanhados às vezes de algum urro monossilábico semelhante àqueles que os piratas também utilizavam para comunicar-se entre si e para pedir à proprietária do estabelecimento, uma dona gorda, sebosa e mal-encarada, mais bebida.


A mesa onde estavam sentados ocupava uma posição central, a partir da qual podiam perfeitamente discernir toda movimentação ao seu redor e constatar que para onde quer que olhassem estavam cercados por seres cuja principal característica era a de possuírem culhões que coçavam com grande entusiasmo. Este último fato em particular era o que mais incomodava aos seis irmãos da piratagem e os deixava extremamente mal-humorados"

quinta-feira, maio 21, 2009

Cinco e cinquenta e cinco

Aquela era a hora mais confusa do dia para seu Clodoaldo: a ansiedade pela chegada da hora de ir embora juntava-se a desilusão de voltar para casa.

segunda-feira, maio 18, 2009

Sorriso

Ele me disse que morava debaixo de um viaduto e seu quarto, cama e cobertor eram de papelão. Nestes últimos dias de chuva, não dormiu quase nada. Quando eu estava indo embora, ele percebeu um último olhar e se despediu com este sorriso.

terça-feira, maio 05, 2009

Baianão 2009

Sei que já é notícia velha, mas como esse não é um blog de notícias, reservo-me o direito de fazer um comentário sobre um dos melhores campeonatos baianos desde o tempo em que todas as finais eram em porto seguro e a platéia via mais ou menos quarenta e cinco bolas em campo.


Apesar de alguns lances esporádicos que nos remetiam (no bom sentido) ao popular esporte praticado no sul do Brasil, o campeonato baiano de futebol deixou todas as emoções para a grande final. Ninguém pode reclamar. Neste ano, o baiano teve tudo aquilo que mais gosta junto com a partida (talvez para fazer valer o ingresso): a imprevisibilidade dos dois times disputando para ver quem era o pior, troca de socos e pontapés ao final da partida no melhor espírito carnavalesco e muito tempero por conta da pimenta!


Aliás, diria até que o nosso campeonato foi o melhor do país, já que nosso regionalismo nos tornou universais. O espetáculo da final no Barradão deve ter agradado todo brasileiro que sofre com a crise, as passagens aéreas e a gripe. Afinal, para um povo tão sofrido, ver o spray nos olhos dos outros deve ter sido um ótimo refresco.